sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Saindo por aí...

"Jacó também seguiu o seu caminho, e encontraram-no os anjos de Deus" (Gênesis 31:3)




Acontece com todos, ou quase todos...

Num momento da vida qualquer sentimos a necessidade de sair sem rumo...

Sair por aí, sem mapa nem itinerário.

Na esperança de topar com sabe-se lá o que, partimos sem lenço nem documento.

As placas pelo caminho não parecem indicar o país das maravilhas, mas, como se disse, para quem não
sabe onde ir qualquer caminho serve.

A fuga de si mesmo para encontrar-se... paradoxos da existência.

Paisagens desconcertadas e passantes ignorados testemunham a indiferença do caminhante que passeia,
absorto em seus pensamentos.

A vida escondida em cada um carrega seus motivos misteriosos.

Partimos, talvez nem tanto para chegar, mas para distanciar-se do tédio dos que nos olham sem ver, ou nos ouvem sem compreender...

Ou mesmo da mesmice que entorpece emoções latentes.

Sair por aí pode parecer coisa de gente perdida, com a vantagem e o risco de poder, enfim, encontrar-se.

Não são todos que se satisfazem apenas com sombras projetadas na parede.

Grandes homens saíram por aí, profetas e até Deus.

Moisés subiu a montanha, O Cristo embrenhou-se pelo deserto...

Ambos retornaram cheios da glória de Deus.

O primeiro encontrou o segundo em forma teofânica da sarça que ardia,
como arde o peito do peregrino que caminha pela existência em busca de resposta, e que sem saber, já está no rumo...

No rumo do Caminho.



Marcelo de Paula



Para uma grande pessoa,
Bia Rodrigues


sábado, 15 de março de 2014

Quando nem a felicidade basta...

"Só uma coisa te falta..." (Jesus de Nazaré a um jovem rico)




Que te falta para ser feliz?

Encontrar um amor que tenha medo de me perder.

Eis a síntese de um devaneio entre o pregador e uma alma intensa.

Mas se tiver medo, insiste o pregador, não é Amor o que lhe tem, pois o verdadeiro Amor lança fora o medo. Assim ensinava o discípulo amado.

Quem ama deixa ir... sem medo, sem condições...

...não sem dor.

Quem está pronto para este Amor, cuja linguagem transcende o clamor de nossas carências?

A felicidade não entra pelas frestas das janelas.

Não tem o atrevimento do sol, nem tão pouco a ousadia da lua que prateia o quarto escuro, onde lágrimas infindas descem em amargurada procissão.

Ela, a felicidade, se constrói.

Emerge dos nossos pedaços que vão ficando pelo caminho em meio uma existência incerta, na medida em que vivenciamos o Amor, não o que teme nos perder, mas aquele que sequer procuramos,
uma vez que quem se perdeu fomos nós.

Ah, Ele nos achou!!!

Mas quem está pronto para este Amor, cuja linguagem transcende o clamor de nossas carências?

 Só uma coisa te falta, Oh, alma intensa...

O AMOR.

O Amor que não tem medo de te perder, por não ter tido medo de morrer para que você pudesse viver.

Quero te encontrar no céu em alguma esquina de euforia...

...de deslumbramento...

Lá onde a felicidade finalmente nos basta.


Marcelo de Paula