quarta-feira, 10 de julho de 2013

Dias mais leves...

"Se tu uma benção"  (De Javé ao patriarca Abraão)




É o que eu quero...

Redescobrir o sentido de coisas esquecidas.

Dias mais leves...

Pra caminhar sem pressa pelas ruas da minha cidade.
Pra perceber outros caminhantes...trocar sorrisos que desarmam a estranheza.
Pra assoviar sem motivos a melodia dos corações tranquilos.
Pra produzir tempo para os que nunca tive...
Pra ser-lhes o olhar que encoraja, a mão que afaga mas que também supre.

Dias mais leves...

Pra deitar e dormir, não sem antes sonhar acordado o sonho que se lembra.
Pra espreguiçar demoradamente como que desperto sobre nuvens de algodão.
Pra saudar com sorriso de criança a paisagem que minha janela mostrará.
Pra chorar com os que choram, alegrar-me com os alegres, ser humano em todo tempo.

Dias mais leves...

Pra não me assustar com o som das águas vespertinas e nem com o silêncio que inunda a noite.
Pra não me desgostar do beijo que não veio, não quente como eu queria.
Pra aceitar os outros como são e não doar-lhes nada além do que sou.
Pra não ir além do que posso ir, nem me cobrar o milagre que não me compete fazer.

Dias mais leves...

Pra contemplar a beleza de tudo que é belo
Pra fazer de teus olhos, espelho...
De teu colo, travesseiro...
De teus lábios, conselhos...
De teu abraço, o casaco que me aquece a alma.

É o que eu quero...

Redescobrir o sentido de coisas perdidas

Dias mais leves...

Pra fazer de ti, Jesus...

...o meu tudo.


Marcelo de Paula


quinta-feira, 4 de julho de 2013

Muito mais que palavras...

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus"
(Evangelho de S. João, Apóstolo)





Não é sempre que eu tenho as palavras como gostaria de tê-las.
Palavras agradáveis....
Que acalentam...
Que recriam...
Renovadoras de sorrisos desaprendidos.

Sei como é esperar por algo que não vem.

Ah, a desilusão do beijo frio...
O diagnóstico quase perfeito...
O que dizer da semente que não vingou? ...e sobre o tempo que mentiu?
E aquele olhar que só ficou no olhar?
Hummm...sem falar no amor que não mais entra por aquela porta...
A fé que se revelou ingênua.

Enfim, o que dizer para quem precisa muito mais que palavras?

O que falta em palavras, porém, me sobra em sentimento.
Daí, essa troca entre mim e ti.
De que valem palavras lançadas ao vento,
Quando a experiência do sentir nos faz tão próximos?

Jesus sempre tinha as palavras...e muito mais que elas.
Ele tinha colo e calor... Mãos santas que afagavam almas destruídas.

Em tempos que me faltam palavras, tenho buscado "A Palavra", o Verbo Divino que em mim soprou o fôlego da vida.

Ele me tem acalmado as tormentas...

De um jeito todo seu, me tem comunicado amor em meio a questionamentos insistentes.

Não, não é sempre que o pregador tem as palavras certas e apaziguadoras, mas o que tenho e nos une nessa condição humana, é essa doce necessidade de estar cada dia mais perto de Deus.


Marcelo de Paula




quarta-feira, 3 de julho de 2013

Deus e o silêncio...

"Como ovelha, muda perante seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca" (Profecia de Isaías)





Deus fala-me através do silêncio...

Fala a ti também.

Fala a todos quantos queiram mergulhar nas profundezas do silêncio que angustia.

De madrugada, quando os sons cessam e a escuridão abraça, lágrimas quentes que se pensavam extintas banham rostos esculpidos pela aflição.

Que momento sublime esse quando a glória de Deus se revela na fraqueza humana.

Não há consolo para certas dores.

Não há canção que apazigue o coração de mãe que contempla filho sofrendo.

O que o dia encobre, a noite nos revela na penumbra.

Tenho aprendido não cobrar voz dos que flertam com o silêncio.

As vezes pensando-nos altruístas, tornamo-nos inconvenientes.

Quase sempre são fortes as razões dos que emudecem.

Este pregador devaneia no silêncio. Absorvido em nostalgias, vou suturando minhas feridas da alma enquanto escrevo.

Deus também já habitou a zona do silêncio - "Como ovelha, muda perante seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca."

Dizer o que para quem simplesmente não nos compreende?

Os amigos de Jó lhe foram benção enquanto permaneceram calados.

Diante do silêncio dolorido do outro, o melhor a fazer talvez seja silenciar com ele.

É assim que Deus faz com a gente...

Parece que não está ali, mas em silêncio habita nosso silêncio.

Até que nos damos conta de que estávamos o tempo todo...

... nos braços do Pai.


Marcelo de Paula







terça-feira, 2 de julho de 2013

Talvez sim, talvez não...

"E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus". (Epístola de S. Paulo, Apóstolo aos Tessalonicenses)




Coração...

Lugar de tudo...tudo que sentimos, tudo que queremos e não temos.

Canto de certezas e enganos...

Morada compartilhada pela fé e ceticismo.

Estrada de terra...poeira nos olhos, lama nos pés.

Devemos mesmo esperar pela mudança que nunca chega?

Talvez sim,
Talvez não.

Coração...

Lugar inquieto em meio ao silêncio de uma alma confusa e cansada.

Protestos inaudíveis e invisíveis para um mundo exterior onde desfila, imponente, a vaidade.

Essa sina é de cada um.

Devemos mesmo esperar pela mudança que nunca chega?

Talvez sim,
Talvez não.

Coração...

Lugar em que o talvez hora pende pro sim, hora pro não.

Triunfo da incerteza.

Mesmo assim a esperança, moribunda, ainda acena. Afinal, o Homem ressuscitou.

Tal como havia dito Ele se levantou quando tudo parecia perdido.

Sim, o céu foi rasgado feito papel, e dele desceu Deus, que se humanizou.

E agora?

Devemos mesmo esperar pela mudança que nunca chega?

(...)

Coração...

Lugar em que ainda que não se possa ter tudo

Pode-se ter o essencial...

A Paz que excede todo entendimento.

Vem, esta é a hora.


Marcelo de Paula / C.G