sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Sobre cada um de nós...


"Porque quando estou fraco então é que sou forte" (Carta aos Coríntios, de S. Paulo, Apóstolo)


...sobre uma menina mulher que está cansada de tudo, de viver sozinha, de dormir e acordar sozinha. Cansada de não ter uma corrente forte, na qual possa se segurar até que passe a tempestade.

É com este desabafo que abro meus devaneios de 2013.

Quero fazer dele uma homenagem especial a cada pessoa que me lê.

Estou ciente que meu universo de leitores é essencialmente feminino, mas os homens também sentem, também choram, também devaneiam, ainda que longe dos olhos dos outros, mas nunca de Deus.

Fiquei devaneando alguns dias sobre esse desabafo que li, tentando me colocar no lugar.

Tais palavras jamais brotariam de uma terra infértil, de um coração em que a esperança secou.

A angústia, na verdade, é uma nascente de expressões autênticas...

Por seus dutos a alma trafega livre...desimpedida.

De um coração doído surge a mais bela poesia, e do desencanto com a vida a entrega que se faz necessária para Deus agir.

O sentimento de incompletude é compartilhado universalmente.

Não chega a ser consolador saber que não somos os únicos a nos sentir só...a dor de cada um pertence a cada um, mas somos convidados à reflexão: Fazemos parte de uma comunidade de incompletos.

Já escrevi outras vezes sobre esta sensação estranha de solidão acompanhada...sim, porque não sente isso unicamente os que se vêem sós.

Quando tudo nos cansa é porque nossa alma necessita realmente de descanso.

Perdemos nossos referenciais em meio  a angústia insistente...  ficamos à deriva de um destino incerto enquanto esperamos algo que nos alente o espírito.

Algumas condições de nossa alma são mais propícias à visita de Deus, e,  penso mesmo, que essa é uma delas.

"...ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus", escreveu o salmista numa condição, quem sabe, bastante semelhante.

Não sei quanto a vocês, mas isso me eleva, saber que Deus não é indiferente ao que sinto.

A tempestade, por vezes, demora a passar, mas quando o faz, a calmaria que se segue é proporcionalmente acalentadora.

Este pregador que devaneia, é experimentado nos sentimentos...

Jamais tive medo de sentir, de rasgar minha alma, de ter descoberta minhas inconsistências, pois quanto mais assim eu sou, mais me vejo acompanhado nessa solidão e, com isso, posso devanear e escrever sobre esta menina, sobre esta mulher...

...sobre cada um de nós.



Marcelo de Paula


Uma canção para sossegar a alma...