"A ansiedade no coração do homem o abate, mas uma boa palavra o alegra"
(Provérbios 12:25)
Tem dias que são mais difíceis do que outros...
A gente, se pudesse, não levantava da cama.
O olhar da janela apenas confirma nosso estado de ânimo, prevemos então um dia longo e terrível.
Nos arrastamos pela casa enquanto buscamos na memória algum motivo que nos convença de que valeu a pena ter despertado...Escovar os dentes não desamarga a boca, e o café recém coado quentinho, tão pouco a adoça.
Nem a acalorada recepção do fiel amigo, no quintal, nos convida à troca de gracejos.
Impelidos pelo implacável tempo, que não para, somos empurrados para fora diante das obrigações do cotidiano. O corpo cobra a noite mal dormida e o cansaço se instala, quando nem ainda pisamos em nossas sombras.
Assim discorre o dia, lento e preguiçoso...
Até que uma palavra oportuna nos é direcionada, sem nenhuma pretensão de quem falou, mas subitamente sentimos a vida voltar a brotar dentro de nós...de início timidamente, como folha que brota de fenda de asfalto castigado por chuva torrencial...
Uma olhada no espelho...
Um sorriso é ensaiado em meio a face do desgosto, encorajado por um coração que ainda pulsa...e ama.
Em geral, somos o produto de nossas ansiedades, de nossos desencontros, de nossas conspirações contra o melhor que Deus nos tem.
Somos fustigados pela loucura que nos acomete em nossa humanidade.
Mas sempre há o que dizer...sempre há o que ouvir...
Podemos tanto curar, como ser curados com simples gestos de ternura que disseminam humanidade...
Às vezes basta uma palavra, um sorriso, um olá...
O pregador, não raro, vive essa experiência. O tédio é um território de muitos habitantes...mas sempre tem alguém perdido por lá, e, este alguém quebra o protocolo... ousa nos sorrir, ousa nos falar e, assim, nos
aponta a porta de saída.
Voltamos pra casa bem melhor que saímos, e lá está ele, o fiel amigo do quintal a nos lembrar que
...Deus não se esqueceu de nós...
Marcello di Paola
Parabens Marcello mais um vez vem nos conquistando com seus textos expressivos e através dele conhecemos um pouco mais de você. É dessa maneira que nos sentimos, eu me sinto assim, só não tenho o companheiro de quintal.
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