domingo, 12 de fevereiro de 2012

Chuva de amor...

"Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi;" (Cantares de Salomão 2:11)



Neste momento, enquanto escrevo...

Sei de corações despedaçados pelo infortúnio...
Sei de almas cansadas que perambulam perdidas pela existência...
Sei de olhos avermelhados por choro disfarçado...
Sei de ouvidos ansioso por palavras que encantem...
Sei de sonhos lindos despertados pela malvada realidade...
Sei de amores jurados eternos desvanecidos nos lençóis da traição...
Sei de braços ingênuos que, abertos,  aguardam o calor de um abraço certo.
Sei de perdas irreparáveis onde as palavras do pregador ecoam como falácias num coração sem fundo.

Às vezes não há como exagerar o que sentimos e, nem dimensionar a aflição de espírito.
Tem horas que somos nossa melhor companhia e nosso melhor confidente.
Há momentos em que, ao olhar da janela, o nada é o melhor a se ver...

Neste momento, enquanto escrevo...

Sei de corações cujos cacos foram juntados pela providência...
Sei de almas que se resignificaram ao encontrar um outro semelhante...
Sei de olhos que brilham diante do amor recém encontrado...
Sei de ouvidos que se deliciam na poesia improvisada da paixão...
Sei de amores refeitos na cama do perdão...
Sei de abraços acalorados que sepultaram desconfianças...
Sei de pessoas, cuja as perdas, por mais irreparáveis, se fizeram pregadores da esperança...

Neste momento, enquanto escrevo...

Também não sei de muitas coisas...não sei, por exemplo, o que será do amanhã.

Sei sim, que as estações, como sempre, se alternarão e trarão consigo suas novidades.

Que venham em chuvas de amor sobre sua janela...

Assim deseja o Pregador...


Marcello di Paola




Um comentário:

  1. Estou esperando a chuva...belo texto. Confortante, como sempre.

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