segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Não era para ser assim...

"Instruir-te-ei , e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; sob as minhas vistas te darei conselho." (Salmo 32:8)



Não é difícil nos sentirmos perdidos num mundo onde diversos caminhos nos são apresentados...
Diante de tantas opções, ainda nos faltam referenciais precisos, orientação clara, uma bússola que nos aponte o caminho a seguir. Em meio a uma profusão de filosofias, religiões e ciências, que hora se estranham, hora se mesclam na busca por respostas aos nossos dilemas, nos sentimos cada vez mais sugados pelos buracos negros da nossa ignorância. Fugimos então para nossos vícios, nossos ansiolíticos, nossos prazeres cada vez mais defasados. Nos habituamos às mentiras que nos contamos...vivemos o auto-engano.

Não era para ser assim...

O homem moderno, se gaba de viver na sociedade do conhecimento e da tecnologia, mas guarda em comum com seu ancestral das cavernas o medo de caminhar em direção à luz que irradia lá adiante. Nos acostumamos com a escuridão de nossas almas e vemos conformados nossas sombras projetadas na parede,  iluminadas pelo fogo da angústia que nos consome. Estamos ligados uns aos outros por correntes pesadas que nos lembram de  nossa semelhante condição...condição da qual somos escravos. O inferno não precisaria existir além de nossa cruel realidade. Diariamente nos confronta e nos afronta o caos de uma existência que clama por sentido. Disfarçamos nossa penúria existencial construindo mundos virtuais nos quais atuamos como deuses, mas um dia após o outro testemunha nosso fracasso quando nos vê refletidos no espelho.

Não era para ser assim...

Não há saída para a humanidade em si  mesma. O desgaste é desnecessário...A solução sempre esteve aí, mas o óbvio quase nunca é perceptível.
A voz do pregador clama no deserto, mas quem a ouve? Nada como o deserto para traduzir nosso estado de alma no século XXI...mas no deserto se anuncia o Salvador, aquele do qual não se considera o profeta digno sequer, de desatar-lhe a correia das sandálias.

Há um caminho, há um ensino, há uma luz, há uma saída.
Esta é a instrução.
Este é o conselho.

Deus, quando se fez homem foi para identificar-se com a raça humana, porém, a raça humana não se identificou com Ele. Ele era diferente demais...Ele era a luz que sinalizava da entrada da caverna.

"E a condenação é esta: Que Jesus veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más..
Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.
Mas quem pratica a verdade vem para a luz, afim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus."
(João 3:19-21)

Esperança há...e se chama JESUS.

É para ser assim!







segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Maçãs de ouro...

"O que guarda a sua boca e a sua língua, guarda das angústias a sua alma". (Salmo 21: 23)



Vivemos numa sociedade que não preza pelo silêncio...
O silêncio incomoda, quando não atormenta. O barulho distrai, nos salva do auto confronto a que nos convoca uma meditação silenciosa. Guardar silêncio diante do outro, então, soa constrangedor, por isso nos pomos a falar, ainda que se não tenha nada a dizer. Um cumprimento nervoso, seguido de observações superficiais sobre o clima ou qualquer outra trivialidade em que nos apegamos como bote salva vidas num mar revolto. Somos condicionados culturalmente à comunicação. A sabedoria, porém,  recomenda nos prudência. Muitas são as citações: 

"O Falar é prata e o ouvir é ouro"
"Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita ao seu tempo"
"No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente".  

A fala não é o único meio de comunicação, às vezes um olhar diz muito mais. Quem pode se esquecer daquele encontro entre Jesus e o jovem rico? Depois de falar ao jovem e perceber que este não o compreendia, o evangelista Marcos observa:  " Fitando-o, Jesus o amou".

Mas, pessoas querem falar...por trás da fala está  o impulso desesperador por se fazer notar, pois é fácil se perder entre as multidões.

Em seu martírio, Jesus pouco falou...Isaias já tinha profetizado que "...tal como ovelha muda perante os seus tosquiadores, Ele não abriu a boca".

O paradoxo é revelador...

Nas poucas vezes em que falou, demonstrou preocupação com os outros; a João, disse: "Eis aí tua mãe" e a Maria disse: "Eis aí teu filho"

Noutro momento ainda, pediu que Deus Pai perdoasse seus algozes e, ao ladrão moribundo, prometeu o Reino do Céu...

Palavras... poucas...mas que vivificavam.

Na sociedade da comunicação em que vivemos ferimos e somos feridos. As línguas se convertem em lanças de pontas incendiárias atiradas a esmo, daí se entende porque as almas se angustiam cada vez mais e a civilidade  rareia.

Há um convite, entretanto, para um grande banquete restaurador. O Rei nos aguarda para a grande festa. A mesa está posta e nela há fartura de amor, perdão, misericórdia e...maçãs de ouro...

Aproximem se, pois, ao Rei não convém fazer esperar...

sábado, 8 de outubro de 2011

Os "poréns" da vida...

"E Naamã, chefe do exército do rei da Síria, era um grande homem diante do seu senhor, e de muito respeito; porque por ele o Senhor dera livramento aos siros: e era este varão homem valoroso porém leproso". (II Reis 5:1)



Uma biografia de sucesso... quem não deseja ter uma? 
"Mais vale o bom nome que as muitas riquezas", diz um provérbio bíblico. 
O ser humano não foi feito para o anonimato. Ainda que muitos se escondam, escolhem esconderijos deixando rastros. O reconhecimento é uma necessidade latente. 
Gente não é como gotas que aos trilhões de trilhões compõem o mar azul  em uma síntese de beleza emoldurada na paisagem. Muito menos como humildes grãos de areia espalhados pelo vento que hora aqui, hora acolá, protagonizam conjuntamente um espetáculo visual aparentemente desordenado. Gente quer destaque, na verdade precisa dele para se sentir gente. De toda a criação de Deus, gente, seguramente é a mais complexa.
A natureza em todas as suas manifestações exalta o seu criativo Criador. 
"Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos". 
E o homem?
O homem se fecha em suas lamúrias, nos poréns da vida que se interpõe entre sua miséria existencial e a glória que lhe é objeto do desejo.
Não é de hoje que o homem se sonha divino, porém sua sentença é clara:
"És pó e ao pó há de tornar". 
Nem todo o ouro que cintila nos sarcófagos faraônicos, nem todas as conquistas do grande Alexandre, nem as vitórias acumuladas do general siro, livraram suas biografias dos poréns que os detiveram de serem alçados ao cume do Olimpo. E é assim que é desde os tempos mais remotos, todos os dias nossa finitude nos é lembrada...
Moisés falou em sua oração: "Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; acabam-se nossos anos como um conto ligeiro".
O Pregador continuamente adverte que "Tudo é vaidade e correr atrás do vento". 
A glória não reside na individualidade, mas no coletivo, na partilha, no descobrimento do outro que nos exercita o espírito.
Os "poréns" da vida que "mancham" nossas biografias, são na verdade pequenos lembretes de que é o Criador quem escreve nossas histórias.
Não fosse a lepra de Naamã, sua serva continuaria lhe sendo invisível, como invisível se tornam todos a nossa volta quando almejamos uma biografia sem "poréns".
Ou aprendemos essa rica lição de bom grado ou continuaremos sendo mergulhados nos rios da nossa estupidez.
Encerro orando, novamente com Moisés:
"Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios." (Salmo 90:12)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Deitar e dormir...

"Em paz me deito e logo pego no sono, por que só tu, Senhor, me fazes repousar seguro". (Salmo 4:8)


Deitar e dormir é tudo o que muitos estão precisando. O que foi concebido para ser algo natural, em muitos casos consegue se tão somente à base de pílulas tranquilizantes. Mas o que foi que aconteceu? Nos cercamos de cuidados e percebemos que todo o cuidado não é suficiente. O controle da vida e das circunstâncias nos vaza escorregadio pelos vãos dos dedos. Nos intimidamos ao perceber o tamanho de nossa insignificância. Cerrar os olhos torna-se então a experiência dos loucos que, vencidos pelo sono, sucumbem vulneráveis.
Não foi assim com o monarca Saul? Flertou com a morte ao dormecer na caverna e,  por muito pouco, esta não lhe serviu de túmulo. No entanto, foi alvo da misericórdia do poeta a quem perseguia, que noutros tempos dedilhava docemente a harpa que lhe exorcizava a insônia. Este mesmo poeta salmodiou à posteridade que para se pegar no sono, deve se deitar em paz. É condição sine qua nom. Mas o que fazemos? Deitamos com problemas e preocupações, angústias sem fim nos atormentam por não termos aprendido a colocar no Senhor a nossa confiança, nem a fazer dEle o nosso porto seguro. De que nos adianta tantas preocupações se o Pregador já  advertiu a séculos que "tudo é vaidade e correr atrás do vento"?
Se em meio às tempestades do cotidiano nosso barco parece frágil, lembremos que maior que o barco é quem está nele.
"Só tu, Senhor, nos fazes repousar seguro", ensinou o músico, o poeta, o salmista, o homem segundo o coração de Deus. Diante disso, só nos resta deitar, orar, apagar a luz, relaxar,  ...
...e dormir.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O vazio que preenche...


"Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo; e que também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração enquanto vivem, e depois se vão aos mortos." (Eclesiastes 9:3)




As vezes tento esvaziar me ... parece um vão exercício.

Invejo os que conhecem o silêncio nas encostas de morros enverdecidos...
Os que dormem com janelas abertas, tendo estrelas por testemunha da serenata dos grilos.

Invejo a paz do sorriso infantil, mesmo que manifesta num rosto senil.

Invejo a harmonia das cordas das harpas e dos violinos...as teclas fustigadas do piano velho...a música que penetra na alma  e adormece o valente.

Invejar não é bom, como não é bom não ter...mas não ter o que?

O vazio que preciso, neste vão exercício, de dança de palavras 
em busca da Paz.

Paz, seu nome é Jesus!

É a ti que procuro, mas cheio de mim não há lugar pra ti...

Esvazia me agora...usa a paisagem, usa a música ou a poesia, a criança ou o velho, o texto ou a prosa...

Só não me deixe cheio de mim, pois eu não mais me aguento...

Por isso mesmo, Príncipe da Paz... eu me rendo.