sábado, 29 de agosto de 2009

Noite Escura da Alma...

A frase acima é tirada do título de um livro de João da Cruz. Refere-se, no entanto, a uma experiência universal dos escritores espirituais e místicos. A vida contemplativa frequentemente começa com uma vida de grandes experiências espirituais. A conversão é emocionante a medida que as obras do mal são removidas e a pessoa experimenta o poder de Deus de modo novo, tanto na provisão física quanto na experiência espiritual (desde visões até a simples percepção do amor de Deus e da comunhão com Ele). Pode-se perceber o crescimento do conhecimento e do discernimento espiritual. Depois, vem um período em que tudo isso é removido. Parecia que Deus estava muito próximo; agora, Ele parece estar longe e até mesmo ausente. A pessoa estava experimentando grande favor espiritual; agora, não experimenta nada. Na realidade, as escrituras, a igreja e as devoções podem parecer enfadonhas e desinteressantes. A pessoa persevera, mas somente por senso disciplinar e dever. Anteriormente, a pessoa se regozijava na libertação do pecado, quando o mundanismo óbvio era deixado para trás; agora, fica profundamente consciente do seu estado pecaminoso. Pecados tais como luxúria, ira e pensamentos malignos que tinham sido considerados vencidos, levantam-se como muitos demônios do inferno. Pecados dos quais a pessoa estava totalmente inconsciente são repentinamente descobertos. A pessoa sente-se totalmente pecadora, indigna e inadequada para estar na presença de Deus. Num nível mais profundo, pode haver para alguns um fascínio pela morte, um anseio por estar mais perto de Deus e uma impressaõ de que somente a morte sera capaz de libertar a pessoa do pecado que se apega a ela.esse período era descrito na literatura mais antiga como aridez ou secura na alma. A "Nuvem do Desconhecido" descreve-o como uma nuvem escura entre a pessoa e Deus. João da Cruz chama-a "noite escura da alma". O alvo da experiência é a purificação da pessoa. A sensação intensa de pecaminosidade e a luta contra os pecados interiores não somente produzem uma santidade mais profunda como também uma humildade mais profunda à medida que a pessoa percebe pela experiência que nunca poderá ser digna. A falta de sensação da proximidade de Deus significa que a pessoa deve operar segundo a fé, confiando que Deus está próximo, mesmo que não seja possível sentir a Sua presença. A falta de enlevos espirituais e de outras bençãos significa que pessoa deve descobrir se ama a Deus ou somente as sensações agradáveis qua vida espiritual produz e os dons que Deus dá. Quando a fé, o amor e a humildade se desenvolvem até um estado maduro, a pessoa chega aum ponto onde abandona a si mesma, de modo que Deus pode fazer com ela aquilo que que lhe é aceitável. É esse o alvo da aridez. Quando o alvo é alcançado, depois de muitas semanas ou até mesmo anos "no vale", frequentemente a pessoa experimenta "cumes de montanhas" de união com Deus, ainda mais altos do que antes, Mas ela reconhece que se trata de pura dádiva, tudo pela graça.


P.H. Davids.