segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Quando Deus visita a terra...

"Quanto a seus filhos, eles são herança do Senhor." (Salmo 127:3)



Respeito, mas jamais compreenderei pessoas que podendo ter filhos, preferem não os ter.

Nos filhos a vida se refaz...se ressignifica...se reveste de novo embelezamento.

Aquele choro, aquele olhar, aquele sorriso, aquele sono gostoso... tudo neles nos ensina a felicidade e a paz de espírito.

No exercício da maternidade/paternidade é quando mais nos assemelhamos a Deus, pois os pequenos nos inspiram amor e cuidado, renúncias e coragens  que não nos supúnhamos capazes.

Sua fragilidade nos revela a força que ocultávamos...

Seus desejos, necessidades, manias e birras, esculpem em nós a paciência que a vida, até então, falhou em conseguir.

Ah, meus doces e meigos filhos, visita oportuna de Deus...

Depois de atravessar um mar em tormenta onde sonhos sucumbiram, encontrei enfim a calmaria...

Foram noites de terror, dias infindáveis de uma existência angustiada...de questionamentos sobre o por que ser ao invés de não. 

Foi também num tempo assim, de mar revolto, de ondas tsunâmicas a nos desesperar, de ausência de respostas, que Ele veio ao nosso encontro...e o fez em forma de criança.

Como um grande pássaro descortinou os céus e sob suas asas nos trouxe a liberdade.

Permitiu-se aninhar nos braços da pecadora agraciada e pisou o chão que nos formou.

Tudo isso me vem à mente em devaneios, meditações e nostalgias, enquanto tomo no colo esse mistério  que me umedece os olhos.

Obrigado Deus, pelos filhos que me deste...

Por me visitares em cada um deles.



Marcelo de Paula / egm




sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Saindo por aí...

"Jacó também seguiu o seu caminho, e encontraram-no os anjos de Deus" (Gênesis 31:3)




Acontece com todos, ou quase todos...

Num momento da vida qualquer sentimos a necessidade de sair sem rumo...

Sair por aí, sem mapa nem itinerário.

Na esperança de topar com sabe-se lá o que, partimos sem lenço nem documento.

As placas pelo caminho não parecem indicar o país das maravilhas, mas, como se disse, para quem não
sabe onde ir qualquer caminho serve.

A fuga de si mesmo para encontrar-se... paradoxos da existência.

Paisagens desconcertadas e passantes ignorados testemunham a indiferença do caminhante que passeia,
absorto em seus pensamentos.

A vida escondida em cada um carrega seus motivos misteriosos.

Partimos, talvez nem tanto para chegar, mas para distanciar-se do tédio dos que nos olham sem ver, ou nos ouvem sem compreender...

Ou mesmo da mesmice que entorpece emoções latentes.

Sair por aí pode parecer coisa de gente perdida, com a vantagem e o risco de poder, enfim, encontrar-se.

Não são todos que se satisfazem apenas com sombras projetadas na parede.

Grandes homens saíram por aí, profetas e até Deus.

Moisés subiu a montanha, O Cristo embrenhou-se pelo deserto...

Ambos retornaram cheios da glória de Deus.

O primeiro encontrou o segundo em forma teofânica da sarça que ardia,
como arde o peito do peregrino que caminha pela existência em busca de resposta, e que sem saber, já está no rumo...

No rumo do Caminho.



Marcelo de Paula



Para uma grande pessoa,
Bia Rodrigues


sábado, 15 de março de 2014

Quando nem a felicidade basta...

"Só uma coisa te falta..." (Jesus de Nazaré a um jovem rico)




Que te falta para ser feliz?

Encontrar um amor que tenha medo de me perder.

Eis a síntese de um devaneio entre o pregador e uma alma intensa.

Mas se tiver medo, insiste o pregador, não é Amor o que lhe tem, pois o verdadeiro Amor lança fora o medo. Assim ensinava o discípulo amado.

Quem ama deixa ir... sem medo, sem condições...

...não sem dor.

Quem está pronto para este Amor, cuja linguagem transcende o clamor de nossas carências?

A felicidade não entra pelas frestas das janelas.

Não tem o atrevimento do sol, nem tão pouco a ousadia da lua que prateia o quarto escuro, onde lágrimas infindas descem em amargurada procissão.

Ela, a felicidade, se constrói.

Emerge dos nossos pedaços que vão ficando pelo caminho em meio uma existência incerta, na medida em que vivenciamos o Amor, não o que teme nos perder, mas aquele que sequer procuramos,
uma vez que quem se perdeu fomos nós.

Ah, Ele nos achou!!!

Mas quem está pronto para este Amor, cuja linguagem transcende o clamor de nossas carências?

 Só uma coisa te falta, Oh, alma intensa...

O AMOR.

O Amor que não tem medo de te perder, por não ter tido medo de morrer para que você pudesse viver.

Quero te encontrar no céu em alguma esquina de euforia...

...de deslumbramento...

Lá onde a felicidade finalmente nos basta.


Marcelo de Paula






terça-feira, 20 de agosto de 2013

Desapego...

"Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho". (S. Paulo, Apóstolo aos Filipenses)





Precisamos aprender a desapegar...

Principalmente do que não nos pertence.

Aliás, tenho dúvida se algo de fato nos pertence para além das consequências de nossos atos.

Não aprendemos a ouvir não...

Desde o Éden é assim.

Somos potencialmente possessivos.

Fazemos-nos donos do que amamos, quando nem de nossa vida o somos.

Nossos vazios não serão preenchidos pelo que insistimos em reter.

O apego a vida retarda o encontro com Deus.

Na verdade,  não nos preparamos para o melhor.

Deus nos ensinou como fazer...

Ao assumir a forma humana deixou o esplendor da sua glória.

Ao subir a cruz abriu mão do assédio das multidões... 

dos gritos de Hosanas!!

da companhia do Pai.

A relação que Deus nos propõe passa pelo desapego.

Desapego de pessoas, de conquistas, de coisas e convicções.

É quando nos esvaziamos de nós mesmos que Ele se torna nosso tudo...

e como Paulo, apóstolo, podemos dizer:

"Logo já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim."

O que Deus nos tem reservado em sua bondade é muito melhor do que o que pensamos ter.

Venha encontrar seu descanso em mim, é o convite que Deus te faz.

Não chore mais pelo que se foi, mas sorria para o que está vindo...

...e seja finalmente feliz.



Marcelo de Paula


Especialmente para minha amiga Romy Radke

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Se você soubesse...

"Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera" (Profecia de Isaías)



Parece que a gente insiste em não aprender...

Aprender de Deus, de seu amor e cuidado...
Do descanso e da paz, e de todo o bem que nos faz.

Todo dia nos dá o sol...
Toda noite a lua e as estrelas.
De quando em vez ainda temos chuva.
Para outros, neve...
O orvalho da manhã.
O perfume das flores.
O cheiro da terra
A água que sacia...
O pão que jamais falta.

Nada, no entanto,  parece nos satisfazer.

Nos adia o inevitável sem que fiquemos sabendo.
Prepara nossas possibilidades enquanto dormimos.
Cerca-nos de anjos que sequer reconhecemos.
Nos dispõe o seu perdão sempre que erramos.

Nada, no entanto, parece nos satisfazer.

Nos enchemos de cuidados...
A ansiedade nos arrebata,
O medo paralisa...
E o efêmero  nos desvia do sagrado nessa fuga de nós mesmos.

Talvez você não saiba, mas queria que soubesse...

Deus esteve com você em todos seus processos
Contou seus passos enquanto durou as suas dúvidas.
Recolheu-lhe cada lágrima para devolvê-las em chuva de benção.
Dimensionou a sua dor como quem conhece a tua alma.
Viu desvanecer tua esperança para recobrá-la em seguida.
Amou os seus mais que você mesmo.
Te acompanhou nas insônias e te sustentou ao longo do dia.

Ah, se você soubesse que o que te compete é bem menor do que pensa ser...

Mas parece que a gente insiste em não aprender...
Aprender de Deus, de seu amor e cuidado...
Do descanso e da paz... e de todo o bem que nos faz.


Marcelo de Paula




quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Mania de sofrer...

"Mas para vós que temeis o meu nome nascerá o Sol da Justiça...
e salvação trará debaixo das suas asas." (Profecia de Malaquias)




O dia amanhece lá fora...

mas não dentro da gente.

Acomodamo-nos à familiaridade de nossas cavernas escuras e sombrias,

morada de anseios e pavores do desconhecido.

Quantas bençãos reserva o dia para os que ousam espiar pela janela da alma.

Flertamos com um luto que não nos foi destinado passar...

Mania de sofrer...

Medo de perder...

Vontade de viver...

Lágrimas que nos encharcam a face, a mesma face que o sol anela iluminar e aquecer.

A esperança, ignorada, dorme e acorda ao nosso lado.

Ansiosa para que a abracemos, renova-se em cada amanhecer.

É o sorriso puro dos filhos...o cafuné de quem nos ama, e que também amamos.

O conforto dos gestos e palavras dos que nos querem bem.

A música perfeita que diz tudo o que queríamos ouvir.

Não sei por onde Deus me leva, mas sei que Ele me conduz para Jesus*

O melhor de tudo ainda está por vir.

Percebi com o tempo que bem pouco de meus temores se concretizaram.

Quanta paz deixei de sentir...

Quantos sorrisos não distribuí...

Mas enfim, acho que aprendi...

Venha o que vier, vou deixar o dia me mostrar...

Não terei medo de ter medo.

Não negarei minha humanidade, mas saberei que cada raiar do sol...

...é recomeço.


Marcelo de Paula


Especialmente para minha amiga Camila Romam



*Inácio de Loyola


quarta-feira, 10 de julho de 2013

Dias mais leves...

"Se tu uma benção"  (De Javé ao patriarca Abraão)




É o que eu quero...

Redescobrir o sentido de coisas esquecidas.

Dias mais leves...

Pra caminhar sem pressa pelas ruas da minha cidade.
Pra perceber outros caminhantes...trocar sorrisos que desarmam a estranheza.
Pra assoviar sem motivos a melodia dos corações tranquilos.
Pra produzir tempo para os que nunca tive...
Pra ser-lhes o olhar que encoraja, a mão que afaga mas que também supre.

Dias mais leves...

Pra deitar e dormir, não sem antes sonhar acordado o sonho que se lembra.
Pra espreguiçar demoradamente como que desperto sobre nuvens de algodão.
Pra saudar com sorriso de criança a paisagem que minha janela mostrará.
Pra chorar com os que choram, alegrar-me com os alegres, ser humano em todo tempo.

Dias mais leves...

Pra não me assustar com o som das águas vespertinas e nem com o silêncio que inunda a noite.
Pra não me desgostar do beijo que não veio, não quente como eu queria.
Pra aceitar os outros como são e não doar-lhes nada além do que sou.
Pra não ir além do que posso ir, nem me cobrar o milagre que não me compete fazer.

Dias mais leves...

Pra contemplar a beleza de tudo que é belo
Pra fazer de teus olhos, espelho...
De teu colo, travesseiro...
De teus lábios, conselhos...
De teu abraço, o casaco que me aquece a alma.

É o que eu quero...

Redescobrir o sentido de coisas perdidas

Dias mais leves...

Pra fazer de ti, Jesus...

...o meu tudo.


Marcelo de Paula